MUDANÇA DE ENDEREÇO

12 de setembro de 2014

Oi, pessoal.

O blog passou muito tempo sem ser atualizado, mas a partir de hoje ele vai funcionar em um novo endereço, mas com o mesmo estilo apenas com uma cara nova. Caso vocês queiram acessá-lo podem clicar aqui.

Obrigado por toda atenção.

Coleção Inverno-Primavera

25 de julho de 2013

solidaomulher

Já era primavera há algum tempo. As flores coloridas enfeitando as avenidas da cidade e os pássaros ensaiando suas músicas na volta para casa, mas o inverno ainda não tinha saído de dentro de mim. Não tinha porque tirar as camisas coloridas do guarda-roupa.

Minhas mãos ainda estavam geladas, a Coca-cola no suporte do meu carro quente demais para eu considerar bebê-la. Tudo estava meio cinza e sem gás ao redor da minha vida aparentemente inútil.

Até a rádio parecia sentir o que eu sinto tocando Radiohead e essas coisas meio depressivas em sequência para testar se eu teria coragem de tirar a minha própria vida. Mas nunca fui apreciador de atos corajosos nem de armas letais. Sou apenas mais um.

O calendário com a foto dela na minha geladeira insistia em lembrar a cada minuto a ausência que cavava fundo no meu peito e dava leves petelecos no meu coração. E quando se sente só e deprimido as viagens à cozinha aumentam consideravelmente. Que cruel!

Os pratos se acumulavam dentro da pia, se é que ainda se podia chamar aquilo de pia. As meias seguiam em meus pés junto as havaianas com desenhos do Pac Man que eu ganhei em algum aniversário.

A TV. Ah! A televisão é sempre um convite para o tédio. Principalmente em um domingo sem futebol. Odeio domingos em que o meu time não joga. Parece que tudo começa a rodar em câmera lenta. A caneca com Nescau que eu tomo vagarosamente sem vontade de enchê-la de novo. O saco de pipocas meio cheio transbordando no tapete da sala.

Um filme que já vi dezenas de vezes e já decorei as falas mesmo achando ele muito mais ou menos. Essa é a vida da moda inverno-primavera que os grandes estilistas ignoram nos desfiles na Europa.

O telefone começa a tocar, parece frenético. O toque aumenta junto aos meus batimentos cardíacos. E por desleixo, eu não sei exatamente onde ele está. Jogo as almofadas da poltrona para cima, sigo o som como um cão farejador em busca de drogas no aeroporto.

Depois de alguns longos nove toques eu o acho exatamente na hora que ela desiste. Que pena! Depois de tanto tempo eu queria apenas ouvir novamente a sua voz. Sentir o tom mudando com o passar do tempo se amaciando como um sapato apertado.

Vou ao banheiro e vejo como minha barba está grande. Sempre usei barba, mas parece que resolvi encarnar um ermitão e viver longe da civilização.

Então a tela do celular se acende e eu então posso ler. “Já cheguei em Guarulhos”. Depois de longos dois dias, ela está de volta para mim.

Depois de Apagar a Luz

1 de junho de 2013

Depois de Apagar a Luz

Caros Leitores,

O meu primeiro livro de crônicas já está disponível para compra pelo site do Clube de Autores. É uma seleção de textos no mesmo estilo dos publicados aqui, sendo alguns inéditos e outros que já passaram por aqui, mas escritos com um pouco mais de esmero.

O livro está sendo vendido no modo impresso e também como e-book, e pode ser adquirido, por aqui.

SINOPSE

“Depois de apagar a luz” é declaração crônica de amor. Um conjunto de textos que buscar mostrar uma forma diferente de se ver os relacionamentos e descrevendo situações do dia-a-dia que passam despercebidas pelos olhares da maioria. Em um contexto que envolve sentimentos, esportes, música, filmes e detalhes vividos na infância e adolescência de qualquer pessoa entre os 20 e 30 anos. Uma miscelânea da cultura pop que determinou o caráter de toda uma geração. Uma nova forma de se ver o amor com bom humor e sarcasmo. Nessa obra, o autor pretendeu juntar vários elementos cotidianos para contar várias estórias de sonhos, amores e realizações pessoais e coletivas. Além de propiciar uma leitura leve e tranquila para os leitores que pretendem se apaixonar tanto pelos livros quanto por todas as passagens hilárias e contagiantes que enchem “Depois de apagar a luz”.

Bom Dia!

26 de abril de 2013

luar

Hoje eu acordei apaixonado. Com um pouco de tosse, mas apaixonado. Queria dizer para minha mulher tudo o que sinto por ela. Talvez tenha sido um pesadelo ou apenas dormi do lado errado da cama, mas acordei apaixonado.

Era mais cedo que o costume. Fiz meu café da manhã. Logo eu que nunca tomo café da manhã. Resolvi olhar para o céu. Não tinha estrela ou as luas que ela tanto ama. Apenas um céu comum, de São Paulo, cheio de nuvens e um pouco acinzentado. Mesmo assim era apaixonante.

Limpei a sujeira do cachorro. Joguei a bolinha amarela para ele buscar e, como sempre, ele apenas observou-a com a cara de dúvida e a língua para fora. Mais um dia comum. Hora de lavar a pilha de louças do dia anterior e jogar o lixo fora. O cachorro me acompanhou na segunda tarefa. E eu pensando nela.

Liguei a TV. Hora de ver as notícias do esporte. Como se eu não tivesse visto as mesmas coisas na noite anterior. A rotina aumenta a minha paixão. Quanto mais eu estou com ela, mais eu a amo. A ignorância é uma doença degenerativa. Você se perde no meio de tanta coisa. Eu só me esqueci de tirar a roupa do varal.

Sento no sofá com o prato de sucrilhos. Cereal pela manhã é algo meio americano, mas eu gosto. Mudo de canal. Procuro por ela em algum programa de culinária ou coisa parecida. Dou uma olhada de soslaio para as fotos em nossa parede. O cachorro me acompanha na programação. Resolvo deixar no Animal Planet para ele não reclamar. Até os animais conhecem minha paixão.

Com a TV ainda ligada, resolvo escutar alguma música. Sem escolher apenas aperto o play, nem lembro exatamente quando ou o quê eu ouvi da última vez. Começa a tocar The Clash. Não há nada mais romântico que a banda inglesa de punk rock. Talvez London Calling seja o melhor álbum de amor na história da música.

Se ique nada disso faz sentido. Como amar uma mulher através da sua rotina. Acordar depois que ela já saiu. Sentir o seu cheiro passar do travesseiro e invadir todo o quarto. O perfume um pouco mais “florido” que o ideal para meu olfato, mas não importa. Cada dia eu acordo mais apaixonado.

Quando a música se mistura com o barulho da máquina de lavar e o cara falando sobre rinocerontes na TV parece tudo meio confuso. O toque do meu celular corta o barulho e tudo parece silenciar quando ouço sua voz dizendo: “Bom Dia. Estou indo para casa”.

Antes do último “continue”

15 de abril de 2013

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 Já li muitos textos e filmes que comparam o amor com um jogo de videogame. Mas vocês já imaginaram se fosse um jogo com continue infinito. O continue é um benefício dado pelo jogo (normalmente quando são difíceis) para que o jogador siga tentando chegar ao fim sem precisar voltar ao inicio.

Muitas pessoas vivem o amor como se tivesse continue infinito. Fazem as maiores merdas da história e pensam que depois os erros podem ser apagados e então eles voltam para o momento imediatamente anterior ao erro. Que fácil, não?

Mas os jogos são difíceis e o amor é um dos que são quase impossíveis de “zerar”. É praticamente um retorno à infância, em que deixávamos a TV e o Mega-Drive (Supernintendo para alguns) ligados enquanto o almoço nem chegava a tomar gosto devido a velocidade com que comíamos para voltar a luta. Até hoje tenho dificuldades em comer lentamente qualquer coisa.

Época que um dos gritos mais compartilhados era: “Ninguém mexe em nada no meu quarto, viu?” para avisar a diarista ou a irmã mais nova que era proibido desligar o videogame. Nesse tempo, qualquer desafio despendia horas e horas de dedicação; uma construção diária buscando uma história para contar. Assim como acontece com o amor. Todo o ritual tímido de tocar a mão, depois de vários dias de conversa. Essas coisas que a infância possibilitava antes do primeiro beijo.

Hoje é tudo mais fácil, se grava o jogo. Dá pra parar qualquer hora e continuar quando quiser. Não existe mais o prazer de compartilhar feitos e façanhas, qualquer avanço era motivo de notícia na sala de aula. Mesmo assim, eu lamento minhas horas perdidas no aeroporto quando só quero voltar para o conforto e a felicidade dos seus abraços. O melhor lugar do mundo.

A luta contra animais perversos e jacarés travestidos de ditadores é banal se comparado com atrair sua atenção respondendo as perguntas do professor de Matemática. A nossa física sempre ajudou a nos unir. Ou foi a química?

Se a gente tivesse se esforçado tanto o tempo todo como acontece quando sabemos que só resta mais uma vida, uma única chance. Valeria a pena. A morte seria mais sofrida, não desistiríamos tão fácil, não se entregar assim, e quem sabe a gente não encontrasse uma nova vida no caminho ou em uma fase bônus.

O dia amanhecia e isso não tinha importância, ainda tenho que resgatar a princesa do castelo. Depois disso, a gente vê o que fazer com ela. Talvez sexo, quem sabe drogas e um pouco de rock’n roll.

A vida tem que ser levada a sério, não há muitas segundas chances e continue infinito é utopia. Não adianta escrever cartas para o Papa o para a Xuxa, te ajudar. Será pior quando a fita não funcionar e não haverá assopro que dê jeito.

Por isso, eu digo que te amo. TODOS OS DIAS. Antes de gastar o último continue do nosso amor. Talvez seria mais simples se o amor fosse uma brincadeira de criança.

As canecas e o tigre sorridente

11 de março de 2013

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Quando a gente se mudou, um casal de amigos nos presenteou com duas canecas bem bonitas com detalhes engraçados e que faziam a gente parecer pessoas modernas. No começo, por as canecas serem muito parecidas uma com a outra a gente misturava o uso delas, sem ser dono de nenhuma.

Com o passar do tempo eu, que não tomo café da manhã, fui perdendo a posse das canecas. Não tinha mais propriedade sobre elas. Nenhuma das duas. Eram o xodó da minha mulher. Eu apenas tinha que me contentar com as xícaras de chá de um jogo que ganhamos de uma tia distante.

Era uma época em que eu não comia sucrilhos com iogurte. Pra mim as coisas eram muito tradicionais e o melhor amigo do cereal era o leite líquido. Uma parceria que sempre rendera bons frutos, mais ou menos como Lennon-McCartney. E eu não queria fazer o papel de Yoko Ono.

Mas a gente muda os nossos conceitos. De tanto ouvir que alguma coisa é boa a gente passa a tentar, a experimentar e quem sabe gostar. Anna sempre passava com a caneca e pousava nos meus ombros, estalando os dentes na colher cheia e perguntando para mim as notícias do dia enquanto eu não movia os olhos do jornal, nem sabia o que estava lendo. Um beijo com gosto de morango.

De tanto insistir passei a comer sucrilhos com iogurte, mas não sabor morango. Isso já é heresia demais até para mim. Meu iogurte era de banana, mamão e qualquer outra fruta a sua escolha. Acordar e encher a caneca virou um ritual para mim, antes de escrever qualquer coisa, antes do bom dia solitário para a casa vazia. Ela acordava e saia antes mesmo de eu abrir meus olhos.

Hoje eu domino as canecas. Não existe mais chá, nem de boldo nem de limão ou qualquer outra planta perdida na nossa horta artificial no armário da cozinha. Era apenas eu, a caixa de sucrilhos com um tigre sorridente e as canecas apaixonadas pelo iogurte de salada de frutas.

No amor a gente rouba algumas manias dos nossos cônjuges (É tão engraçado escrever cônjuge, parece até coisas de advogados que não entendem patavinas de amor ou sentimentos). Dela eu roubei as canecas e o hábito de dizer bom dia para qualquer coisa que cruze o meu caminho.

Enquanto ela usa as xícaras sem graça eu sigo com minhas canecas ornamentadas e assim nosso amor vai andando de mãos dadas e braços entrelaçados pelos caminhos entre a cozinha e o quarto, dando uma pequena parada na sala para saber as notícias.

Vamos emagrecer nosso amor?

4 de março de 2013

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Posso começar falando em emagrecer. Buscar um peso melhor para uma vida melhor. Para o meu abraço encaixar melhor no seu. Para poder dormir de conchinha no sofá da sala assistindo a algum musical daqueles bem chatos.

Se eu pudesse viraria vegetariano só para poder mostrar para você que estou realmente tentando. Não quero fazer a barba nem cortar o cabelo. Talvez diminuir a barriga faça você olhar para mim. Ficarei horas e horas na esteira ouvindo Techno como se fosse uma coisa normal para mim.

O amor precisa de ossos para se sustentar. Eu acredito nas gorduras localizadas. Naquele lugar abaixo da costela onde eu possa te morder. A gente se ama debaixo d’água em alguma aula de hidroginástica na piscina do prédio. A gente vence o tédio inventando receitas com baixa caloria. Nossa vida é melhor se for light.

Agora eu escrevo com uma lata de coca-cola zero do lado do computador. Uma caneta e um papel estão ali só para me observar, vigiar se não vou assaltar a geladeira para trair você. Não tenho mais amigos e churrascos nem cerveja e tira-gosto. Só falo agora de passeios ciclísticos e flores mortas no asfalto quente.

Por favor não corte o peso morto do seu sofá. Me deixei aqui pelo menos até o fim do mundo. Quero sentir seu abraço enquanto você se deixa apertar por meu corpo macio. Uma nuvem ou um algodão doce. Eu preciso de carne. Não aguento mais ver a cor verde na minha frente. Ainda bem que não sou palmeirense nem torço pro Boston Celtics.

Deixa que o amor se encaixa. Uma seleção natural de gordura e regime. Não venha mudar nosso regime de casamento. Quero comunhão total. Vamos dividir tudo e misturar. Quem sabe bater no liquidificador.

As barras de cereais acabam com o amor. Viram kriptonita e as forças de lutar por nós dois começa a ruir. Preciso de uma feijoada bem suculenta. Uma carne das mais gordurosas aí eu aguento até o fim dos tempos ao seu lado. Lavando os pratos e trocando as fraldas.

Não me faça pular corda. Não aguento mais levantar os pesos, cortas os pulsos, esquecer as contas para pagar. Não me venha com essa. Adoro frutas, odeio a obrigação de comê-las. Quero um abraço e ficar contando piadas até adormecer.

Um copo d’água antes de dormir no lugar do leite nosso de cada dia. Não quero oração, mas agradeço por todos os dias, horas, minutos e segundos ao seu lado. Passando fome. Doendo a cabeça. Esquecendo porque eu estou com você. Talvez seja mesmo amor.

Não preciso de regime. Só preciso melhorar o meu corpo para poder viver o máximo de tempo ao seu lado. Correr com o cachorro no parque. Nadar com as crianças. Escalar as montanhas quando você acordar bem disposta. Dar uma volta no trio.

Não farei como o Frejat. Não faço qualquer coisa por você. Faço tudo por nós dois. Esqueço até que nasci para comer carne. Como folhas, frutas e cereais. Largo o pão nosso e substituo o macarrão por abobrinha.

Mas me dê um pedaço desse seu hambúrguer que a felicidade virá mais rápido.

Espere que eu vou descer

25 de fevereiro de 2013

metro+vazio

Era uma tarde tranquila em um metrô semivazio. Nem parecia São Paulo. Nem parecia segunda-feira. Eu fingia ler meu jornal como se ainda existissem pessoas que leem jornal nos bancos do metrô, quem dera eu tivesse um chapéu e um bigode para viver nos anos 30. Existiam metrôs nos anos 30?

Eu era a última pessoa que parecia estar em outra época, vestia uma camisa do Alice In Chains e amarrava meu cabelo com elástico de dinheiro. Como se chama esse elástico aqui em São Paulo? Lá de onde eu venho se chama liga. Liga. Engraçado que ela não me ligue mais.

Eu não tenho destino. Só quero ler o meu jornal em paz. Indo e vindo na linha verde do Metrô. Entre as Vilas, Madalena e Prudente. Talvez faltasse um pouco de qualquer coisa na minha vida. Ter tempo livre para ir e vir debaixo da terra não é coisa de gente normal.

Eu não queria que ela me ligasse. Não queria que dissesse que ia buscar o resto das coisas lá em casa. O sinal do celular quase não existe no metrô. Não consigo ler direito o jornal com todo esse balanço, mas eu finjo. Não olho nos olhos da menina de vestido vermelho em pé defronte a porta. Não quero ligações remotas.

Estou de férias. Não quero viajar. Apenas descobrir o que acontece no mundo fora do meu quarto semivazio de uma segunda-feira a tarde. Quem lê o jornal pela tarde? Talvez alguém que escreva uma história de amor sem saber que existe alguém roteirizando a nossa vida. Quero um cigarro. Não fumo. Quero um chapéu e um bigode bem fino para viver nos anos 30.

O amor sempre vence. Sempre ultrapassa na última curva. Sempre marca aos 48 do segundo tempo. Uma cesta de três do meio da quadra. É uma aposta muito difícil. Talvez eu ande até o jóquei e aposte no cavalo azarão. Sinto que estou voltando no tempo. Mas o meu jornal não permite mudar. A data está lá sorrindo e acenando para mim.

Meu time venceu. O dólar subiu. Alguém morreu atingido por um rojão na Bolívia ou foi no Peru? Não quero segredos, quero um chá gelado para me matar de frio. Tomara que ela não tenha jogado a chave de casa fora. Tomara que já tenha levado tudo. Não quero olhar nos olhos de ninguém. Nem nos das fotos do meu jornal.

A casa semivazia ecoando meus discos de grunge que há tempos eu esqueci. Não quero guardar mais segredos. Não quero ter medo de trovões e relâmpagos. Vou deixar ela ir embora mesmo querendo que fique um pouco mais. Mais uma dose. Um cigarro talvez. Não fumo. Nem leio jornal.

O amor sempre ganha. Oscar de melhor filme estrangeiro. Quem liga pra isso? Quem liga para qualquer coisa que não espante a solidão. Minha mente semivazia espera que o mundo comece a lotar o vagão. Eu não quero mais ler o jornal. Não quero esperar o dia passar. A vida fechar a porta sem a sirene avisar. Espere que eu vou descer.

Meu amor não existe

5 de fevereiro de 2013

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Eu tentei te dizer. Eu tentei. Não adianta você dizer o contrário. Eu confesso que o mundo não parece ser tão frio enquanto eu não sei dizer adeus. Não sei amar. Mas eu te amo.

Talvez eu ouça Moptop demais, talvez eu ame a utopia do nosso abraço. Eu tentei voltar. Eu te contei. Contei até 10 antes de sair por essa porta. Eu confesso que o silencio é barulhento demais enquanto eu não sei dizer adeus. Não sei ficar. Mas eu te amo.

Eu tentei me convencer que era você. Não era ninguém. O vazio da nossa cama na madrugada de segunda-feira. Talvez o dia seja comprido demais para minhas lembranças e as memórias pesadas demais pra poder ficar.

Eu tentei te dizer. Escrever uma carta com rolos de papel higiênico ou soltar bombas de gás lacrimogênio apenas para chamar a sua atenção, mas você fingia me ignorar. Eu confesso que perdi a conta de quantas vezes eu quis dizer adeus, mas por enquanto eu não sei.

Eu te conheci do jeito mais amargo, com o cheiro do cigarro espalhando fumaça por aí. Mesmo assim eu te quis, eu sempre quero. Mudei minha vida para encaixar você, e não recebi nada em troca.

Quero dizer adeus, e posso dizer que eu tentei. Você nem tentou mudar, nem tentou me amar, nem tentou dizer o que pensa, sente e quer. Foi assim de repente e eu perdi tudo que tinha. Nada mais é meu, e aposto que nunca será.

Passei a amar por pura convenção, fingindo me entregar. Você estragou o meu amor que parecia ser tão promissor. Inteligente, carinhoso e vulgar. Eu tentei te dizer. Eu tentei. Mas não adianta. Você nunca me ouve. Parece ser apenas uma personagem de uma série que eu acompanho. Será que estou tão sozinho assim?

A tragédia alimenta o amor

28 de janeiro de 2013

abraço (2)

Em toda tragédia o amor acaba um pouco. Não importa se a porta ficou fechada ou se o mundo escancarou sua opinião do jeito mais fácil. O caminha mais complicado nem sempre é o melhor, e mesmo assim a gente não sabe como escolher pra onde ir.

Ele queria apenas pegar nas mãos dela, sentir o perfume dela o mais perto possível. Não importa a música ou os shows pirotécnicos, o silêncio permanecia ao redor dos dois. Tudo começava a rodar em câmera lenta e em vários ângulos.

Não deixa a fumaça entrar em seus pulmões, não se perca nos labirintos da vida. São conselhos os pais. Enfiados em metáforas como as verduras no almoço de domingo. Dia da preguiça, mas onde o amor se fortalece. Mas eles não quiseram sair. Não queria usar o extintor para apagar a paixão.

Ela não prestava atenção em nada que acontecia no ambiente. Nem sabia que ambiente estavam vivendo (ou morrendo). Só queria manter-se apaixonada por ele. Como jovens deveriam ser. Toda uma estrada pela frente.

Mas existem atalhos e saídas falsas. Talvez alguém diga que tudo precisa acabar para que o mundo comece a fazer sentido. Lágrimas combinam com amor, mas não deveria ser assim. Não necessita-se de grito ou pânico. Um sorriso no rosto no fim.

De repente acelera. Tudo parece correr. Ninguém consegue enxergar mais nada. Ele procura o corpo dela. Procura as mãos. “Vamos embora daqui”. Siga as migalhas que indicam o caminho. Siga as setas para a saída. “Fique calma, fique comigo”.

Ele sabia que não conseguiria. Ele só queria abraça-la bem forte. Nas tragédias o amor se fortalece. Ela jurou paixão eterna mesmo que dure só mais alguns minutos. Veja! Uma luz.

Ninguém tem culpa. Ninguém poderia prever. Eram tão jovens. Eram tão belos. Eram o casal mais lindo do sul. Esqueça os dilemas, os poemas, as lágrimas desesperadas. Veja o principal. Aquilo que só pode ver perto do fim. O amor sempre sobrevive.