uma conversa normal

13 de julho de 2010

Ela me pergunta o que eu acho daquele caso do goleiro que matou a mulher. Respiro fundo e vou fazer todo um comentário jurídico filosófico futebolistíco e antes de começar ela resmunga algo sobre unha quebrada, café gelado ou lápis de olho. Me restrinjo a um comentário jocoso sobre o time dele. E dou um beijo na testa. Que ela limpa com a costa das mãos. Pára, amor, tô escrevendo um artigo.

Então olha nos meus olhos com aquele ar de desdém. Bocó. E puxa o lençol pra cobrir as pernas. De bruços brincando com seu notebook. Olhando as unhas. Eu vendo algum desses programas no estilo “mesa redonda”. Mas adorava olhar como ela brigava com a camisola pra não deixar a bunda exposta. Linda.

Agora, ela me olha e pergunta se eu sabia que o Pearl Jam vai parar por “tempo indeterminado”. Dessa vez, solto um aham. Ela levanta de supetão. Gelo. AHAM. A tua banda preferida vai acabar e tu só fala AHAM. E agora, pensei. Disse SIM. Aff. Tu não quer conversar. E saiu batendo os pés rumo ao banheiro. Suspirei. Mulheres.

Ela volta mexendo na barriga. Amor, tô gorda? Não, imagina. Mas tu nem olhou pra mim. Olhei sim. Olhou não. Tô olhando agora. Tu acha a Claudinha bonita? Acho sim. Eu sei, tu não tirou os olhos dela. Eu??? Mas ela tava apresentando trabalho. Tu queria que eu olhasse pra onde? Ah! Vou pintar o cabelo de vermelho. Tá bom! Como assim tá bom? Tu sempre dizia que gosta do meu cabelo assim. Eu gosto, mas se tu quiser mudar não posso fazer nada. Grosso!

Desisto do programa. Desisto da revista. Levanto pra mijar. Levanta a tampa. Eu sei. Amooooooooooooooooooor. O que foi? Traz uma agua pra mim. Ok.

Vou à cozinha. Encho o copo. Tomo um gole. Encho de novo. Oba, suco de maracujá. Levo o copo. Eita exagerado, botou muito. Deixa que eu tomo. O que é isso no teu copo? Suco de maracujá. Poxa, mô, tu sabe que não gosto de maracujá. Mas sou eu que tô tomando. Eu sei, mas fica o gosto na boca. Escovo os dentes. Tá bom.

Deitei. Coberto. Resolvo procurar algum filme legal. Hitch na TNT. Ufa. Silêncio. Ei, George, quem é essa Paula que te mandou um scrap? Paula de quê? Paula Oliveira. Ah! Trabalha lá no escritório. Por que ela te pergunta se está melhor? Porque eu tava morrendo de dor de cabeça e saí mais cedo hoje. Tu sabe. Hummmmmm…Não vou com a cara dela, meio piraninha. Nessa hora eu dou um sorriso. Tu ri? Não tô gostando dessa conversa. Que conversa?

Ela bota Coldplay nas alturas. Desisto do Will Smith. Por que nunca desisto da Eva Mendes. (Oi, Eva!). Olha, Coldplay. (Irônico como sempre). Mô, bota aquela que eu gosto: The Scientist. Enjoei. Então bota Lost. Muito triste. Fix You? Não, George, tu não tem conserto. E desliga o Pc. Vou dormir. Boa noite, amor.

E agora? Quem desliga a luz? Vai você, eu fui buscar a água. Chato, cadê o cavalheirismo? Boa noite, me acorda amanhã às 10 tá? Tá. Te amo. Te amo também. Ama nada! Amo sim. Boa noite. Boa.