Bom Dia!

26 de abril de 2013

luar

Hoje eu acordei apaixonado. Com um pouco de tosse, mas apaixonado. Queria dizer para minha mulher tudo o que sinto por ela. Talvez tenha sido um pesadelo ou apenas dormi do lado errado da cama, mas acordei apaixonado.

Era mais cedo que o costume. Fiz meu café da manhã. Logo eu que nunca tomo café da manhã. Resolvi olhar para o céu. Não tinha estrela ou as luas que ela tanto ama. Apenas um céu comum, de São Paulo, cheio de nuvens e um pouco acinzentado. Mesmo assim era apaixonante.

Limpei a sujeira do cachorro. Joguei a bolinha amarela para ele buscar e, como sempre, ele apenas observou-a com a cara de dúvida e a língua para fora. Mais um dia comum. Hora de lavar a pilha de louças do dia anterior e jogar o lixo fora. O cachorro me acompanhou na segunda tarefa. E eu pensando nela.

Liguei a TV. Hora de ver as notícias do esporte. Como se eu não tivesse visto as mesmas coisas na noite anterior. A rotina aumenta a minha paixão. Quanto mais eu estou com ela, mais eu a amo. A ignorância é uma doença degenerativa. Você se perde no meio de tanta coisa. Eu só me esqueci de tirar a roupa do varal.

Sento no sofá com o prato de sucrilhos. Cereal pela manhã é algo meio americano, mas eu gosto. Mudo de canal. Procuro por ela em algum programa de culinária ou coisa parecida. Dou uma olhada de soslaio para as fotos em nossa parede. O cachorro me acompanha na programação. Resolvo deixar no Animal Planet para ele não reclamar. Até os animais conhecem minha paixão.

Com a TV ainda ligada, resolvo escutar alguma música. Sem escolher apenas aperto o play, nem lembro exatamente quando ou o quê eu ouvi da última vez. Começa a tocar The Clash. Não há nada mais romântico que a banda inglesa de punk rock. Talvez London Calling seja o melhor álbum de amor na história da música.

Se ique nada disso faz sentido. Como amar uma mulher através da sua rotina. Acordar depois que ela já saiu. Sentir o seu cheiro passar do travesseiro e invadir todo o quarto. O perfume um pouco mais “florido” que o ideal para meu olfato, mas não importa. Cada dia eu acordo mais apaixonado.

Quando a música se mistura com o barulho da máquina de lavar e o cara falando sobre rinocerontes na TV parece tudo meio confuso. O toque do meu celular corta o barulho e tudo parece silenciar quando ouço sua voz dizendo: “Bom Dia. Estou indo para casa”.

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